terça-feira, 8 de junho de 2010

She Was There, Grizzly Bear@Coliseu Lx- E o urso veio à cidade…


‘Imaginem que isto é uma sala de espera de um hotel e eu sou a vossa entertainer… Divirtam-se!’ E a sala, que não estava ainda totalmente cheia, ria e descontraidamente entrava com Cibelle por caminhos de Terra Cruz. O cenário visual, em estilo cabaret, convidava a uma viagem serena. A música, excêntrica como só ela sabe, contradizia a serenidade e levava quem ouvia por caminhos de momentânea insanidade, à semelhança de uma Janis Joplin em meados de 70 num qualquer palco de Woodstock. ‘The Gun And The Knife’, a balada sentimental, como lhe chamou, ‘Escute Bem’, ‘Sad Piano’ e uma versão de ‘It's Not Easy Being Green’, essa mesma, a música do Sapo Cocas, foram algumas das músicas que intercalava com pequenos gracejos do género “agora vou imitar a voz de uma novela da globo, mas uma novela das 19h da tarde…”. Um concerto que cumpriu o propósito de aquecer um público que começava a chegar.

Passados 15 minutos do final dessa excêntrica primeira parte, eis que o urso se faz ao palco!
Com um cenário que deliciosamente imitava uma festa de aldeia, com direito a lâmpadas penduradas em fios, o fenómeno Grizzly Bear enchia corações. Em êxtase, o público, que dele tinha tanta sede, já enchia um Coliseu sentado (um formato que nunca apetece, principalmente com uma banda destas!). ‘Southern Point’ abre as hostes. E depois, com Cheerleader, já começa a apetecer levantar… e o concerto só agora começou… ‘Lullabye’ e a fenomenal ‘Knife’, registos do segundo disco de originais, onde o folk abraça a genialidade musical de quem dele se apodera são os registos que se seguem e, sem nos apercebermos, estamos todos completamente rendidos! Porque os Grizzly Bear são assim: uma doce mistura de ar de meninos do colégio com um registo poderoso em palco, quase como se o urso ganhasse forma de leão.

As músicas, que já são fortes, ganham ali o triplo da força e as vozes de Edward Droste e Daniel Rossen, acompanhados pelos instrumentos de Christopher Taylor (baixo), à esquerda, e Christopher Bear (bateria), à direita, não deixam margem para dúvidas: a banda de Brooklyn é fenomenal em formato live!  Antes de ‘Fine For Now’ e ‘Two Weeks’, aproveitam para fazer o elogio típico ao país, fazem-no como uma graça que só eles conseguem: “Tomámos tempo para conhecer a cidade. Gostávamos de cá vir assim... de 5 em 5 meses!” Ao que o público responde em formato êxtase!

Seguiram-se ‘Two Weeks’, ‘Colorado’, que trouxe o rock  e os riffs enfurecidos e ‘Deep Blue Sea’, que trouxe um momento de pura magia, sublime! ‘Ready Able’ dá continuidade à sensação de arrepio na espinha e é nessa altura que a banda anuncia a sua presença no SBSR. ‘I Live With You’ e ‘Foreground’,  ‘While You Wait For The Others’, ‘On a Neck’, ‘On a Spit’ e ‘Fix It’ (o único tema do primeiro disco) trazem a amarga despedida.

O encore, reservado a Veckatimest e uma versão acústica de ‘All We Ask’ dá o toque final a um espectáculo que nos ultrapassou a todos em grandeza.

 Leo

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