Porque é que a Califórnia cheira a Benga, Juju ou Soukous? Como é que a Califórnia do sol e dos beach boys encaixa a sonoridade do Quénia, da Nigéria, do Congo? Qual a probabilidade de dois judeus de Israel, emigrados nos EUA, se conhecerem num campo de férias, sentirem um forte apelo pela música africana e dance pop dos 80’s, pegarem em instrumentos e, simplesmente, criar?
São, sem dúvida, perguntas com pertinência musical, que eficazmente podem ser respondidas por Luke Top (baixista-vocalista) e Lewis Pesacov (guitarrista), mentores do projecto Fool’s Gold.
Oriundos de L.A., Califórnia este grupo de músicos, que ao vivo podem variar entre os 8 e os 12, dão uso a uma mescla de instrumentos que vão desde a guitarra e teclados, ao saxofone, djambé e um tamborim adquirido nas ruas do Cairo, no Egipto. Quando questionado sobre as influências aparentemente dispares do grupo, Luke Top confidencia que funcionam muito à base de uma ligação consertada entre os membros da banda, todos eles ligados a outros projectos musicais com raízes na soul, rock e pop. È portanto lógico que em palco a energia criativa dos Fool’s Gold se assuma com maior pungência e uma grande carga de diversão, particularmente em registos como Surprise Hotel e Nadine, exercícios de cozinheiros que sabem como preparar um caldeirão gourmet de world music.
A sua discografia conta com o álbum de estreia, Surprise Hotel, que se assume como a imagem da identidade multicultural da banda e que, a meu ver, alinha de forma surpreendente vários estilos musicais e não só. Está patente também um trabalho rítmico que convida os outros sentidos a actuarem, proporcionando, a todo o momento, requebros corporais e o cheiro da savana africana. A comprovar o ecletismo e potencial de inovação de Fool’s Gold estão as remisturas oficiais, disponíveis para escutar no myspace da banda, de memory tapes e micachu & the shapes que revisitaram ao seu jeito as canções Nadine e Surprise Hotel respectivamente.
Fool’s Gold é, portanto, a fusão de várias culturas, credos e estilos musicais em tom coeso e animado, puxado pela oleada máquina de riffs de Pesacov e a voz de Top, que alterna entre o Hebraico e o Inglês, dando uma expressão muito própria à sua identidade musical globalizada ou, como li num determinado fascículo musical de índole duvidosa, ao seu alter-modernismo.
Depois de ouvir não restam dúvidas, que caiam as barreiras e os formalismos de género estilístico e que entre a diversidade e o pluralismo. O pessoal agradece!
mp3: Fool’s Gold – Surprise Hotel (Micachu & The Shapes Remix)
mp3: Fool’s Gold – Nadine (Memory Tapes Remix)
Myspace: http://www.myspace.com/foolsgold
Noguchi Yuken, da cripta
Sem comentários:
Enviar um comentário